Uma noite em viagem, me vi a orar...
Lembro-me ainda as palavras brotadas do meu coração
naquela noite.
Orava assim: Deus, por favor, envie anjos
lá no bercinho do meu filho, abrace-o e console-o com o teu amor.
Que a sua presença possa suprir a minha ausência.
O Lucas era apenas um bebê de dois meses,era a primeira vez que nos separávamos.
Era uma viagem a trabalho,costumeiramente acontecia uma vez por mês.
Quando eu voltava, aquele risinho mais lindo
me esperava como se nada tivesse acontecido.
Interessante que cada vez que isso acontecia, a minha fé era fortalecida
porque eu tinha certeza, Deus cuidava dele.
Por que me lembro dessa história agora?
Estamos na semana do Natal, é comum nos sensibilizarmos e trazermos a memória algumas recordações, algumas saudades, alguns fatos marcantes.
Embora existam algumas divergências teológicas, comemoramos o nascimento de Jesus nesta data. Na verdade pouco importa a data. O que importa é que o mundo inteiro junto está em uma conspiração de AMOR e FÉ. E isso é tudo!
Nesta manhã eu volto ao tempo e refaço essa oração.Desta vez não me refiro a um bebê longe da mãe. Me refiro a filhos longe do "Pai". Filhos que talvez nunca usufruíram da condição de filhos...Filhos de Deus!
Há crianças neste momento vivendo a outra face do Natal
Um Natal que a gente não conheceu... Um natal sem JESUS, sem esperança,
sem bolas coloridas, sem pisca- pisca,sem roupinha nova, sem brinquedo, sem rabanadas, sem panetone...
Em diversos lugares imperam dias de dor e desamor. Crianças e adultos vivem a árdua realidade e conseqüências de um mundo injusto e desumano.
O tempo de hoje nos convida a reflexão...
São tantos os por quês? Talvez as respostas jamais cheguem.
Meu Deus! Meu coração está repleto de gratidão.Temos uma mesa farta,
Temos amigos, família... Somos tão privilegiados!
Apesar de todas as lutas, a alegria do Senhor é visível em nós..
Obrigada meu Pai!
Mas...
E eles?
Não tem mesa, nem pão...
Não há amigos, não há abraços calorosos, não existe natal!
Muito menos Feliz Natal!
Como se sentirem felizes se o que sentem é fome? Fome de pão e afeto...
Como se sentirem seguros e cheios de esperança se a dignidade há muito lhes foram negados? Alguns se quer conhecem a Deus.Talvez até o conheçam pelo nome, mas jamais
tiveram qualquer relacionamento.
Eu sei que a alguns eu poderei tocar, levar um abraço terno, um brinquedo,
um doce ...
Sei também que não poderei abraçar a todos, nem entoar-lhes
cânticos de esperança e salvação. Porém o teu amor, oh Deus, poderá alcançá-los.
O teu abraço afagá-los e aquecê-los.
Se possível, Pai, envie à eles um coral de anjos a cantar-lhes uma canção...
Que fale de amor e esperança! Que haja uma nova história!...
E cada coração seja um estábulo
onde O Cristo possa Re-Nascer.
Arnalda Rabelo
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